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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A política educacional para o nosso Estado

No texto, Conversão das “almas” pela liturgia da palavra: uma análise do discurso do movimento Todos pela Educação as autoras analisam o documento Todos pela Educação: rumo a 2022, produzido no âmbito do movimento empresarial Compromisso de Todos pela Educação. As proposições desse movimento foram assimiladas pelo mais importante plano do governo federal para a educação nesse final de década – o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Acreditam, as autoras, que o documento expressa, exemplarmente, em seu conteúdo e forma, a recomposição da agenda empresarial para o campo da educação, bem como também oferece novas referências discursivas que redefinem a atuação da chamada “sociedade civil” no campo educacional. Todas as políticas da educação, no Brasil, estão organizadas sob a proteção do PDE, desde as ações e programas voltados para a educação infantil até o ensino médio. No RS, o governo Tarso fez e ainda fará até 2014, um grande laboratório, com a educação. Desde o ensino fundamental até o ensino médio. Deste último, destaca-se a implantação do “novo” ensino médio politécnico, cuja proposta vem ao encontro do que está planejado pelo governo federal para o ensino médio em todo o Brasil. Os profissionais da educação no RS querem sim um ensino médio com qualidade, no qual os alunos tenham acesso a todos os componentes curriculares, com carga horária distribuída de forma equânime, para todos, e que haja, principalmente professores em sala de aula e nos setores de apoio, desde o início do ano letivo e permanecendo até o cumprimento de todos os dias e horas letivas. Fato este que não acontece nos últimos trinta anos, ou seja, a cada início de ano letivo, até aproximadamente, o final do primeiro semestre, as escolas apontam a falta dos profissionais para muitas áreas e o descaso com a manutenção dos prédios escolares. Portanto, não é de um novo ensino médio politécnico que a educação gaúcha precisa, ela clama por respeito e dignidade de parte dos governantes e principalmente, que as políticas públicas sejam pensadas com o foco na formação de cidadãos capazes de desenvolver-se autonomamente, em todas as áreas do conhecimento. O que precisa ficar muito claro é que a busca da qualificação de mão de obra para o mundo do trabalho, sob a proteção da terceira via é projeto governamental. E, não é novidade exclusiva do Brasil, mas sim já está em curso em diversos países europeus e inclusive, latino americanos. Enquanto isso acontece, parcela da categoria dos trabalhadores em educação se permite o encantamento e outra parcela, segue calada e fazendo de conta que a reforma do ensino médio politécnico realmente está ocorrendo. Ao mesmo tempo, o governo estadual, continua se apresentando na mídia como sendo o que melhor respondeu, nos últimos anos, às necessidades e anseios da categoria, que aliás, está cada vez mais pobre, mais incapaz de reagir, sentindo-se aviltada profissionalmente. Não é a distribuição de tablets, ou os penduricalhos salariais que vão fazê-la reagir, são exatamente, estes recursos que o governo utiliza, que promovem o desencanto e a apatia dos profissionais da educação. Pensar e executar a educação dentro dos padrões da proposta de articulação entre o público e o privado é uma realidade já prevista, desde o final da década passada. E o Brasil, neste seu hibridismo pós neoliberalismo se adequa e se permite implantar o que a pesquisadora na área das políticas públicas no Brasil, Eneida Oto Shiroma, destaca com propriedade, e denominam de “conversão das almas pela liturgia da palavra”. Tudo em nome de um movimento nacional que se alicerça no envolvimento do conjunto da sociedade, em nome de todos pela educação.

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